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22 maio 2013

Já conhecem o Martim? Não, não vou só dizer maravilhas.

Por essas redes sociais fora muito se fala do Martim. Maior parte das pessoas saúdam-no pela sua sabedoria aos 16 anos, por ser um empreendedor num país em crise e por ser diferente de muitos dos jovens que caracterizam a juventude de um país do "deixa andar".
Concordo em felicitar o rapaz pela força de vontade que teve e tem e por ter tido inteligência suficiente em "fazer render o peixe" de uma coisa que nem sequer é uma inovação.
Mas é impossível não me surgirem questões, como por exemplo:
  • Quem é que financiou este projecto?
    Provavelmente existem tantas pessoas com ideias talvez mais inovadoras, porque criar uma marca de roupa não tem muito de inovador, mas não têm €€€€ para concretizar as suas ideias. Ninguém faz limonadas sem limões, portanto de certeza que ele não se auto-financiou, até porque quando começou o projecto nem sequer tinha idade legal para trabalhar e que eu saiba o dinheiro não cai do céu, pois não? Tendo em conta que ele é da "linha de Cascais" (como ele fez questão de dizer), existem fortes probabilidades de os pais não ganharem o ordenado mínimo a trabalhar numa fábrica, daí poderem financiar este projecto.
  • Ele por acaso conhece a realidade da fábrica que produz a roupa da sua marca?
    Não, não conhece. Porque quando a Sra. Dra. lhe perguntou "sabe que os trabalhadores que fazem essas camisolas ganham o ordenado mínimo?", ele pela sua reacção mostrou que estava completamente alheado da realidade dos trabalhadores da fábrica e limitou-se a responder "pelo menos não estão desempregados".

Não pude deixar de ir visitar o site e o facebook da marca - não achei nada de especial e fiquei estupefacta com o texto de apresentação do site. Para além de uma frase não ligar com a outra, tem erros ortográficos, falta de acentos e pontuação.
No facebook constatei que afinal a roupa não é assim tão em conta como o Martim disse no programa. Comprar uma sweat com capuz por 25€ ou um pólo por 20€ não tem nada de extraordinário, até porque para mim se for acima desse preço já não vale a nota (a não ser que seja de uma qualidade imensa).

Concluo dizendo que a diferença entre este miúdo e milhares de outros em Portugal é que uns nascem de rabo virado para a lua e outros não, se é que me faço entender.

8 comentários:

  1. Eu tb fui ao site e à página e não vi nada de especial. Mas acho que ele teve o mérito de acreditar na ideia dele e de a concretizar.

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    1. Claro, esse mérito ninguém lhe tira. Mas o que está por trás da realização da ideia, não dependeu só dele.

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  2. Temos que ver sempre os dois lados, e sim o miúdo tem mérito, mas não é todo dele!

    http://my-little-red-dress.blogspot.pt

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  3. É isso mesmo...tudo uma questão de sorte no viver e no sobreviver de cada um!
    Dizem que não há acasos
    Dizem que não é a sorte,

    mas alguma coisa programada para além das duas palavras!
    E eu acredito!

    Bom texto!

    Maria Luísa

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    1. Maria Luisa, também eu acredito que existe alguma coisa que programa isto tudo da vida, mas não sei bem o quê.

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  4. Olá! Concordo com o texto. Mas, com ou sem o apoio financeiro dos pais, não ficou a dormir à sombra da bananeira. E isso, numa geração mais perdida que a minha, é de elogiar. Quanto à questão das condições de trabalho, não é preciso ir a fábricas para sermos defrontados com os crimes que se cometem. Já trabalhei num call center (de uma entidade bancária!!!) e trabalhávamos em cadeiras horrorosas que por vezes, nem encosto de costas tinham em condições. Claro que refilei com o supervisor, até que andou um moço a certificar-se de que todas tinham as condições mínimas (se as trocaram ou não, não sei, pois vim embora (de minha iniciativa) e não as haviam trocado). Mas, o mais engraçado, foi o episódio em que os "meninos engravatados" foram visitar as nossas instalações e nós, não podíamos ter as nossas malas em cima das secretárias! Claro que disse ao supervisor que me recusava a deixar a bolsa no chão. Aleguei que dava azar. Conclusão, ele foi buscar uma cadeira para a minha bolsa! Vês a estupidez da coisa? Não tinha uma cadeira de trabalho decente, e não podia ter a mala em cima da secretária, para os meninos não se aborrecerem! Então e as condições de trabalho? O mundo está virado do avesso!

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    1. Conheço bem essa realidade dos call centers, o meu gentleman trabalhava num e foi precisamente graças a esse trabalho precário com contratos sem vínculo nenhum nem qualquer tipo de segurança que fui obrigada a tomar a decisão de emigrar "em cima do joelho". Já para não falar que normalmente são pagos a 2€ e pouco à hora, uma vergonha!

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E vocês, o que acham?!

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